Quinto Congresso da Internacional Comunista – Teses sobre táticas em sindicatos

Documentos da Internacional Comunista, via Marxists.org, traduzido por Matheus Galhardo

Esta resolução foi apresentada ao 5° Congresso da Internacional Comunista sob o contexto de uma cisão no movimento sindical internacionalmente, e em muitos países, o que levou muitos comunistas a concluírem que os sindicatos reformistas não poderiam ser conquistados para a revolução, e que os comunistas deveriam se juntar ou formar apenas sindicatos revolucionários. Os líderes da IC argumentaram que os comunistas devem lutar pela unidade da classe trabalhadora, deixando claro que foram os reformistas os sectários, a modo de conquistar as massas nos sindicatos. A resolução defende que os comunistas busquem uma política de uma frente unida de baixo, enquanto luta por políticas comunistas claras;


  1. A luta por unidade

…Ao lutar dentro dos sindicatos por unidade, os comunistas ampliam a esfera de influência dos partidos comunistas e da Internacional Comunista sem perder contato com as massas sequer por um momento. A luta por unidade dentro do movimento sindical é a melhor forma de conquistar as massas… Os velhos slogans do Comintern de conquistar, não destruir os sindicatos, de se opor à saída dos sindicatos, de lutar pela reentrada daqueles que saíram, de lutar por unidade — estes slogans continuam em vigor e devem continuar com determinação e energia…

  1. A Internacional de Amsterdã e sua ala esquerda

Nossa atitude perante a Internacional de Amsterdã foi definida por congressos anteriores e permanece em vigor. Em seus altos cargos, a Internacional de Amsterdã é o baluarte do imperialismo internacional, uma organização que expressa de forma particularmente descarada o conservadorismo, o reacionarismo, a estreiteza do pensamento nacional, os sentimentos burguês-imperialistas dos trabalhadores mais corrompidos pela burguesia. A luta contra a Internacional de Amsterdã continua sendo a tarefa mais importante do Comintern e suas seções… Em nossa luta há duas coisas que devemos nos lembrar: (a) que há milhões de trabalhadores nos sindicatos de Amsterdã; (b) que a ala de esquerda vem crescendo lá, ainda sem uma forma definida e politicamente vacilante… Estes trabalhadores serão emancipados das ilusões reformistas ao ponto de que os comunistas consigam liderar as lutas industriais da classe trabalhadora. As disputas industriais são ocasiões particularmente favoráveis para a aplicação de táticas de frentes unidas para demonstrar o papel fascista e antigreves dos líderes. A ala esquerda da Internacional de Amsterdã não tem um programa nem táticas claras… Um passo foi dado acerca da questão da atitude dos sindicatos russos, mas sobre as questões políticas fundamentais (reparações, plano Dawes, política colonial, coalizões com a burguesia, etc.), a ala esquerda ainda não difere essencialmente da direita. O defeito básico e primordial desta ala esquerda é que ela deseja “reconciliar” o reformismo e o comunismo, e estima a esperança de que pode encontrar um meio termo entre estes dois inimigos mortais… O Comintern e os partidos comunistas apoiam a ala esquerda desde que ela realmente lute contra os programas e táticas da Internacional de Amsterdã. Superestimar a ala esquerda, ignorar sua timidez e inconsistência seria um erro grave. Comunistas e as organizações sindicais que eles controlam devem propor à ala esquerda da Internacional de Amsterdã a formação de comissões mistas de ação… Os comunistas devem exigir que a ala esquerda da Internacional de Amsterdã, que afirma que um entendimento com os sindicatos revolucionários é desejado, coloquem estas propostas em ação em cada país na luta diária…

III. A luta por unidade do movimento sindical global

O trabalho de quatro anos da Internacional Sindical Vermelha aproximou e uniu todos os elementos revolucionários nos movimentos sindicais globais em uma única organização. A Internacional de Amsterdã há muito tempo perdeu seu monopólio. É tarefa do Comintern e seus partidos lutar energicamente pela unificação dos sindicatos revolucionários, por sua organização na Profintern, e pela expansão da influência e liderança comunista nos sindicatos vermelhos de todos os países. Estas tarefas podem ser alcançadas apenas se a luta pela unidade do movimento sindical for levada com consistência… A unidade poderia ser reestabilizada pela convocação de um congresso pela unidade internacional no qual todos os sindicatos associados a Amsterdã e à Profintern são representados sob uma base proporcional. Tal congresso pela unidade internacional, no qual todos os sindicatos pelo mundo deveriam ser representados, poderiam lançar as bases para uma nova internacional… A criação de uma internacional unida com base na liberdade de agitação e na disciplina estrita em ações contra a burguesia naturalmente levariam a dissolução das internacionais paralelas que hoje existem (Profintern e FSI). Mas enquanto não conseguimos reestabelecer a unidade internacional do movimento sindical, a Internacional Comunista e os partidos comunistas devem continuar a apoiar e auxiliar a Profintern e todas organizações associadas a ela.

  1. A fraqueza em nosso trabalho

…As fraquezas em nosso trabalho sindical são em linhas gerais as seguintes:

  1. Em vários países não há segmentos comunistas, e onde eles existem, foram criados de cima.
  2. O fracasso em formar segmentos em organizações liderados por comunistas ou simpatizantes dos comunistas.
  3. O fracasso em formar segmentos em sindicatos reformistas enquanto há sindicatos revolucionários paralelos (França).
  4. Disciplina inadequada aplicada a membros de partidos que seguem suas próprias linhas, levando-os a deixar os sindicatos e procurarem sua própria política sindical, independente das decisões de partidos e do Comintern (Alemanha).
  5. Os partidos dão muita pouca atenção aos sindicatos revolucionários que foram formados juntos aos sindicatos reformistas (América, Bélgica, Holanda); eles deveriam sistematicamente guiar estes trabalhadores revolucionários e os treinar com táticas comunistas.
  6. A propaganda em sindicatos é muito abstrata…
  7. Com pouquíssimas exceções (Alemanha), falta aos comitês de trabalho nas fábricas o cuidado e profundidade; inabilidade de explorar as lutas industriais de massas e para construir comitês de fábricas.
  8. Tradições artesanais e preconceitos, ainda muito enraizados até mesmo entre os trabalhadores revolucionários, não são combatidos suficientemente.
  9. Preparações para congressos de sindicatos e de federações de sindicatos e conferencias são extremamente ruins sob os ângulos políticos e de partidos; discursos por comunistas em tais encontros são muito casuais.
  10. Nervosismo excessivo acerca das medidas reformistas sectárias, exploração de expulsões individuais e principalmente em massa dos sindicatos.
  11. Subestimação do fato de que a fábrica, o comitê de fábrica, e o sindicato são o campo natural para organizar a frente unida de trabalhadores.
  12. Subestimação da importância do trabalho sindical…

Todas estas fraquezas existem em diferentes graus em quase todos os países. O erro básico, e a origem de todas as fraquezas em nosso trabalho sindical, é a falta de células partidárias nas fábricas…

  1. Nossas tarefas imediatas
  2. A tarefa central de todos os partidos comunistas é a de construir segmentos combativos a começar pelas fábricas… e fortalecer o controle das organizações partidárias sobre as atividades de membros individuais e particularmente dos segmentos dos sindicatos.
  3. O trabalho deve estar concentrado nas massas e nas fábricas. Disto surge a necessidade de formar comitês de fábricas onde estes ainda não existem, e de revolucionar e intensificar o trabalho daqueles que já existem…
  4. Todos os sindicatos revolucionários independentes, e os sindicatos dos que foram expulsos pelos reformistas, devem se unir em cada país e se agrupar com a oposição nos sindicatos reformistas através dos comitês de ação…
  5. Onde o movimento sindical está dividido, um trabalho sistemático deve ser realizado entre as massas para reestabelecer a unidade por meio da convocação do congresso pela unidade sob a base de representação proporcional e de liberdade para a luta ideológica…
  6. … Uma luta implacável deve ser realizada contra os comunistas que deixam os sindicatos. O slogan deve ser “de volta aos sindicatos” …
  7. Deve-se atentar particularmente à organização de trabalhadores nas indústria onde pode-se desempenhar uma parte decisiva na luta de classes para o poder (transporte, mineração, químicos, estações de energia elétrica, e fábricas de gás). O sucesso do trabalho do partido comunista nos sindicatos será medido por seu sucesso em unir e organizar os ramos mais importantes da economia nacional.
  8. Deve-se começar uma formação de comitês mistos (franco-germânico, germano-polonês, germano-checo, anglo-russo, russo-polonês, etc.) para organizar ações paralelas em conjunto em ambos os lados da fronteira…
  9. Os partidos comunistas em países onde a burguesia explora povos coloniais e semicoloniais devem atentar-se particularmente aos crescentes movimentos sindicais nas colônias…
  10. É uma condição para o sucesso na luta que conheçamos nossos inimigos. Portanto, os partidos comunistas e os sindicatos devem realizar um estudo completo sobre as organizações dos empregadores, sua estrutura, suas agências, e os meios que eles usam para corromper e desintegrar as organizações dos trabalhadores…
  11. Todos os partidos comunistas devem estabelecer contatos próximos entre os sindicatos e os membros dos sindicatos em serviço militar… Em especial, devemos tentar estabelecer contato próximo entre as organizações de comerciantes marítimos e os marinheiros na marinha.

  1. Conclusão

O quinto congresso do Comintern apoia todas as decisões dos congressos anteriores sobre as tarefas dos comunistas no movimento sindical, e direciona a atenção de todos os partidos comunistas para a extrema importância deste trabalho… Esta é uma questão de vida ou morte para a revolução social. Por isso o quinto congresso resume todas suas seções para não se afastar nem por um fio de cabelo das decisões, e continuar até o fim a conquistar os sindicatos, ou seja, conquistar as massas.

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